terça-feira, 31 de julho de 2007

dizer palavrões e asae

PALAVRÕES - Ontem, sentada numa esplanada quase cheia, à beira mar. Ao lado, dois casais jovens, 2 crianças à volta dos 4 ou 5 anos e um rapaz entre os 20 e os 30. Um dos homens dos casais falava alto e bom som sobre um colega, um tal Gonçalo. Em cada frase proferida, um e mais palavrões a rematar: todos os palavrões do cardápio ali foram servidos! As crianças, ouviam deliciadas o habitual léxico. Arrotos também vindos das profundezas tripais do outro macho ali foram expelidos. 15 minutos depois fiz valer a minha cidadania e o direito de estar num local público sem ouvir os alarves. Perguntei se não podiam parar com aquilo, era demais tanto palavrão... e a resposta foi que quatro pessoas se levantaram aos gritos, proferindo cada vez mais palavrões, insultando-me, oferecendo o corpo ao toureio. Olhei para os outros clientes, todos estrangeiros.O dono apareceu, acalmou as bestas já em riste para a pega. Só um dos homens não se mexeu nem proferiu palavra. Provavelmente envergonhado de tudo aquilo, a confirmar para si o direito de cada um, no espaço público, de não ser vítima destas obscenidades.
ASAE - Como acaba isto? Uma das mulheres mais varinal - não desfazendo nos belos pregões das ditas na Lisboa antiga - grita que o melhor era denunciar a esplanada à ASAE, se calhar nem havia ali livro de reclamações. O dito foi posto à disposição, a mostrar que sim, que havia, mas ela queria era assustar com o monstro, o papão do século XXI, que povoa o imaginário dos comerciantes, mesmo dos legais e cumpridores.
CONCLUSÃO 1- Serve agora a ASAE para isto? O que conseguiram foi levar energúmenos como estes casais que em cada frase a bordejavam com as mais reles asneiras à frente de todos e, principalmente dos próprios filhos, ainda crianças, a socorrer-se do monstro hoteleiro? Se assim é...
CONCLUSÃO 2 - Vão ser estas crianças, ouvintes de tal discurso à l'aise, os futuros alunos das escolas portuguesas. A sua caracterização está feita, nem é preciso muita imaginação. Serão estes futuros alunos que dirão exactamente os mesmos palavrões ouvidos pela infância fora, nas salas de aula, à frente dos professores e, mais grave ainda, não terão pejo algum em os mandar para certo sítio e chamar-lhes os mesmos nomes que ouviram e ouvem aos seus pais. Já todos sabíamos que os alunos trazem de casa o linguajar diário, mas visto assim, ao vivo, numa esplanada à beira-mar, num dia tórrido, não deixa margem para dúvidas.