sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Peste, fronteiras e máscaras

Quando a comunicação social nos bombardeou com as notícias da eminência de uma pandemia, a gripe das aves, houve reacções para todos os gostos.
Houve quem não acreditasse que semelhante ameaça chegasse a Portugal, apesar dos cálculos das rotas migratórias darem sinais de alarme.
Houve quem imediatamente deixasse de comer carne de aves e ovos, houve até quem se privasse dos pastéis de nata, por mor dos ovos.
Depois, tudo foi esquecido, voltou-se ao frango e à bela canja, atacaram-se os pastéis de nata.

Há dias, a comunicação social noticiou o caso de um passageiro que viajou de autocarro, vindo de Paris, salvo erro, e que estava contaminado com tuberculose. As entidades competentes localizaram o passageiro e informaram os restantes do risco a que estiveram sujeitos, uma vez que partilharam, durante muitas horas, um ambiente pequeno e fechado, propício ao contágio da doença.

A revolução criada nos meios de transporte ao longo do século XX e as novas tecnologias de comunicação fizeram aumentar a mobilidade de pessoas, mercadorias, bens e informação.
Vencem-se distâncias, esbatem-se fronteiras.
Mas há custos a pagar.

Recuemos até ao século XIV. Pela Europa alastrava uma doença transmitida por ratos, cujas pulgas contaminavam o Homem. Era a peste negra, que rapidamente provocava inchaços nas virilhas e espalhava manchas escuras pelo corpo.
Em 1348 entra em Portugal, matando cerca de 1/3 da população.

Outra pandemia surge no início do século XX.
Entre 1911 e 1920, a mortalidade em Portugal foi muito elevada.
A participação de Portugal na 1ª Guerra Mundial ceifou a vida a milhares de homens. A natalidade baixou.
Em 1918, a gripe pneumónica, também chamada de espanhola, chega ao nosso país e mata milhares de pessoas, principalmente as mais jovens.

Esta semana, século XXI, a OMS alerta para o risco das doenças infecciosas. Há 39 novos agentes patogénicos, descobertos há 40 anos, que são uma ameaça para o Homem.
Espreita-nos uma ameaça global.
A facilidade de transmissão das epidemias faz-se à velocidade de uma viagem de avião.
Como nos podemos defender? Passamos a suspeitar do vizinho do lado? Quem nos garante que aquela mulher ou aquele senhor com óptimo aspecto não estão contaminados com o bacilo da tuberculose? Ou com a gripe das aves?

O que fazer quando o passageiro ao nosso lado tosse ou espirra insistentemente?
Passaremos a usar máscaras como o Michael Jackson?