sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Câmara Municipal de Albufeira

Presidente Desidério,

Sei que é uma pessoa cuidadosa e interessada com os seus munícipes.
Gosta de largas avenidas.
De palmeiras.
De fontes, água em cascata.
Minhocas de óculos escuros.
De candeeiros altos, com design, duplas lâmpadas.
A escola Dr. Francisco Cabrita - Montechoro - tem o anfiteatro com cadeiras sem tampo.
Muitas turmas têm lá aulas - sala 23 - .
Os alunos escrevem em cima dos joelhos.
Dispersam-se naquela aflição de ajeitar cadernos e dossiês, em equilíbrio, cai não cai.
Cai mesmo.
Cadernos, dossiês, canetas, borrachas... professora, posso apanhar?
O Presidente Desidério devia ser obrigado a ter aulas e a escrever os apontamentos na sala 23.
Certamente trocaria uma palmeira pelo arranjo dos tampos das cadeiras.
Albufeira? Florida Avenue?

Pneumónica

Ler a notícia do Expresso não me tranquiliza. Para que se saiba, isto não é hipocondria, é ter alguns conhecimentos de História, suficientes para dar o alerta.

http://expresso.clix.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/168506

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Pandemias e sangrias

Bom, lá vem outra vez à baila a ameaça das gripes pandémicas.

Esta semana, a Sábado, a páginas 27, traz um artigo sobre novas pandemias.

Graça Freitas, a subdirectora-geral de Saúde refere-se à possibilidade de novas pandemias.
Diz que " Temos é de estar alerta... ", mas os riscos " Agora são muito maiores... . "
Refere ainda que " ... os meios de que dispomos para fazer face a eles também são maiores. "

Lembra ainda a especialista que não há comparação com as pestes da Idade Média nem com a gripe pneumónica (por mim já referidas em post anterior): " Há vacinas, medicamentos, há a consciencialização das populações. "

Pois é, Dra Graça Freitas, isso é verdade, mas também o era para as populações dos séculos referidos. Contentaram-se com o que tinham, não imaginando sequer que um dia pudesse haver outra solução ( medicamentos e vacinas ) que não a morte.

Daqui a 300 anos, também os historiadores irão referir a falta de meios que tivemos para combater as nossas pestes! Tal como nós hoje nos rimos do que os médicos e físicos tinham para tratar as deles.
À luz da História que refere, cada século se contenta e trata com o que tem.

Veja-se a proporcionalidade disto: hoje com vacinas e medicamentos, ontem com mezinhas e confissões, abstenção de sexo, penitências, vinagre, sangue de texugo e touro, sangrias, etc. .
Ontem, sem resistência às infecções, hoje, com pouca resistência às infecções, graças ao uso e abuso dos antibióticos.
Os próprios médicos, na ânsia de despachar os doentes, à mínima queixa receitam antibióticos. Crianças e adultos entopem-se ao menor sinal de constipação e dores de garganta.

Claro que hoje, as condições de higiene pessoal e citadina são outras, mas depois há a mentalidade tão portuguesa do deixa andar, isso só acontece aos outros!

Remata a especialista na matéria: " Temos de nos preparar para o pior e esperar o melhor. "

Lembro muito, a propósito deste assunto de contágio de gripes pandémicas, uma frase alusiva ao comércio no tempo dos Descobrimentos que li num livro de História.

" Quem viaja, traz e leva. "


terça-feira, 28 de agosto de 2007

"...gente cabeluda, calças rotas...decotes provocantes..."

Artigo da FOCUS nº 410, pp. 39-43

Noutra oportunidade / vontade, falar-se-á aqui da educação nas escolas portuguesas, do rigor e da disciplina.
Leia-se a revista citada e facilmente se tirarão as devidas conclusões.




sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Peste, fronteiras e máscaras

Quando a comunicação social nos bombardeou com as notícias da eminência de uma pandemia, a gripe das aves, houve reacções para todos os gostos.
Houve quem não acreditasse que semelhante ameaça chegasse a Portugal, apesar dos cálculos das rotas migratórias darem sinais de alarme.
Houve quem imediatamente deixasse de comer carne de aves e ovos, houve até quem se privasse dos pastéis de nata, por mor dos ovos.
Depois, tudo foi esquecido, voltou-se ao frango e à bela canja, atacaram-se os pastéis de nata.

Há dias, a comunicação social noticiou o caso de um passageiro que viajou de autocarro, vindo de Paris, salvo erro, e que estava contaminado com tuberculose. As entidades competentes localizaram o passageiro e informaram os restantes do risco a que estiveram sujeitos, uma vez que partilharam, durante muitas horas, um ambiente pequeno e fechado, propício ao contágio da doença.

A revolução criada nos meios de transporte ao longo do século XX e as novas tecnologias de comunicação fizeram aumentar a mobilidade de pessoas, mercadorias, bens e informação.
Vencem-se distâncias, esbatem-se fronteiras.
Mas há custos a pagar.

Recuemos até ao século XIV. Pela Europa alastrava uma doença transmitida por ratos, cujas pulgas contaminavam o Homem. Era a peste negra, que rapidamente provocava inchaços nas virilhas e espalhava manchas escuras pelo corpo.
Em 1348 entra em Portugal, matando cerca de 1/3 da população.

Outra pandemia surge no início do século XX.
Entre 1911 e 1920, a mortalidade em Portugal foi muito elevada.
A participação de Portugal na 1ª Guerra Mundial ceifou a vida a milhares de homens. A natalidade baixou.
Em 1918, a gripe pneumónica, também chamada de espanhola, chega ao nosso país e mata milhares de pessoas, principalmente as mais jovens.

Esta semana, século XXI, a OMS alerta para o risco das doenças infecciosas. Há 39 novos agentes patogénicos, descobertos há 40 anos, que são uma ameaça para o Homem.
Espreita-nos uma ameaça global.
A facilidade de transmissão das epidemias faz-se à velocidade de uma viagem de avião.
Como nos podemos defender? Passamos a suspeitar do vizinho do lado? Quem nos garante que aquela mulher ou aquele senhor com óptimo aspecto não estão contaminados com o bacilo da tuberculose? Ou com a gripe das aves?

O que fazer quando o passageiro ao nosso lado tosse ou espirra insistentemente?
Passaremos a usar máscaras como o Michael Jackson?


domingo, 19 de agosto de 2007

Direito de resposta, aniversário e Angola

Ao abrigo do direito de resposta, a filha do presidente de Angola, enviou à Sábado nº 172, através dos seus advogados, uma carta a contestar o que havia sido escrito num número desta revista. Refuta tudo e mais alguma coisa e, em abono da (sua) verdade diz que não festejou o seu aniversário com 700 convidados, mas sim com " ... 300 pessoas entre familiares e amigos ... " e que " ... nenhum deles foi formalmente convidado, pois não houve convites para a festa .... também a festa não teve porteiro à porta e muito menos segurança com metralhadoras. "

Assim, de acordo com as suas declarações, facilmente se presume que foram inúmeros os penetras! É entrar, meu povo! E penetras foram certamente as criancinhas sujas e esfomeadas das iguarias presentes, uma vez que, como diz a senhora pela pena dos seus advogados, " Angola é um país onde as pessoas convivem no dia a dia com espírito de paz. Os angolanos são pessoas caracterizadas pela sua amizade e alegria. "

Foi claramente este o espírito da aniversariante e dos seus 300 convidados sem seguranças, de barriguinha cheia e bem dispostos, lembrando a miséria, a fome e a doença do seu país.

Não consigo deixar de recordar uma aluna angolana e os seus relatos da fome que passou e viu passar, quando, neste cenário de boa disposição, os ratos e as ervas rasteiras eram o único alimento que tinham. Não consigo esquecer os relatos pungentes de um pai de um aluno que fugiu da guerra com o filho de um ano às costas, deixando para trás a mulher que, no meio daquela carnificina, não o conseguiu acompanhar e por lá ficou trucidada...

Noutra festa descrita pela Sábado, onde se diz que estiveram presentes 3 000 convidados, torna a filha do presidente de Angola, no seu legítimo direito de resposta, a negar. Não foram 3 000 não, foram só 800! Sim, porque em África, " o sentido da família alargada está fortemente presente ... "
Pois, é pena este sentido familiar não se alargar ao seu país, à irmandade, à Pátria.
Que direito de resposta tem o povo angolano?

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

AGOSTO é desgosto?

Continuo a interrogar-me porque diabo o povo português teima em invadir o Algarve em Agosto, sujeitando-se aos piores tormentos de filas intermináveis em supermercados, restaurantes, trânsito e afins. O que leva esta gente a sofrer assim? Já para não falar no péssimo serviço dos restaurantes, da falta de paciência dos empregados, da má qualidade dos alimentos.
Como dizia o outro, não havia necessidade.
Isto não são férias, são a continuação dos dias de trabalho, das quezílias internas, do horror das horas perdidas para chegar ao emprego e voltar para casa.
Até porque, com a flexibilidade que há hoje em dia em tirar férias repartidas, não se entende este gosto pelo mau gosto!
O Algarve e os algarvios agradecem: venham, sim, mas durante todo o ano, aproveitar tudo o que de bom temos para oferecer. Sem filas, maus humores, stress ... sei lá, e nós a ver isto e a desejar que se vão todos embora, que venha depressa o fim do mês.
Que desgosto, este Agosto.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Afinal há mais ...

Lembraram-me de mais variações cafezeiras:

bica cheia em chávena fria ( !!!!! )
abatanado
bica escaldada e um copo com gelo ( que bela antítese !! )

O Agosto continua no seu melhor. Menos o tempo...

domingo, 12 de agosto de 2007

TORGA e o meu país

Ele nunca ligou nada a prémios, só queria que o lessem. Mas, caramba, um país que tem um primeiro ministro que passa a vida a citar, ao menos mandasse alguém em representação deste (des) governo em homenagem aos 100 anos de nascimento deste grande escritor da terra.
É TRISTE!

sábado, 11 de agosto de 2007

A bica no verão algarvio

Quem trabalha em hotelaria, facilmente compreenderá o que vou dizer. Não é fácil um empregado de mesa entender as voltas que o nome de uma bica provoca. Qualquer dia é preciso um curso superior para se perceber o cliente às voltas com as variações do café. Nada de o tirar na Independente! Ora bem:

um pingado
um pingado escaldado
um pingado curto
uma italiana
uma italiana escaldada
uma italiana MAS MESMO italiana
um carioca
um carioca MAS BEM TIRADO
um carioca fraquinho
um carioca curto
um carioca escaldado
um cimbalino
um cimbalino escaldado
um café
um café curto
um café em chávena escaldada
um café com gelo
uma bica curta
uma bica escaldada
uma bica cheia
uma bica com gelo
uma bica com gelo e limão
uma bica baixinha
um garoto
um garoto clarinho
um garoto escuro
um pingo
um três quartos
um curto
um escorrido

Se souberem mais, digam. Os agosteiros no seu melhor. Quando chega o Outono?



quarta-feira, 1 de agosto de 2007

OS AGOSTEIROS

Quem são eles? Invadem literalmente o Algarve! Os Agosteiros são uma espécie de seres que só os algarvios do Algarve conhecem. Têm características e idiossincrasias próprias que eles próprios desconhecem e ninguém tem coragem de lhes dizer. Chegam cheios de pressa e partem com mais pressa ainda. Rápido, a ver se ainda chegamos a tempo do jantar e ver a novela. Adoram ter pressa, não vivem sem ela 365 dias por ano. Ela é de manhã para chegar à praia e arranjar um lugar melhor que o do vizinho para espetar o chapéu de sol e arrumar a geleira. Ela é ao balcão- sempre é mais barato - para a biquinha da ordem, furando para passar a vez dos outros. Ao entrar já estão a pedir, sempre é mais rápido, desculpe, é que estou com pressa. Ela é à saída da praia, sacudindo a areia dos pés, de preferência nas cadeiras da esplanada mais próxima ou nalgum murito ali a jeito. Ela é mandar o homem à frente, rápido, para ires acender o fogareiro, sempre vais adiantando. Ela é almoçar sem mastigar as vezes que os desgraçados dos nutricionistas tanto apregoam, sempre se levantam mais depressa, ela para lavar a loiça, ele para ir estender a pança no sofá e roncar de boca aberta libertando os vapores do carrascão. Acorda, vá, vamos depressa pá praia, daqui bocado é noite e tens de majudar co jantar. Vá mexe-te calão! Ela é pedir outra biquinha, ainda mal entrou pela porta dentro, deixe tar queu levo, a pensarem que o homem é parvo, levas, levas, se te sentas pagas o preço à mesa. Ela é ... é o dia todo nisto. A pressa não dorme nem deixa dormir os Agosteiros.
Continua ( não há pressa )

terça-feira, 31 de julho de 2007

dizer palavrões e asae

PALAVRÕES - Ontem, sentada numa esplanada quase cheia, à beira mar. Ao lado, dois casais jovens, 2 crianças à volta dos 4 ou 5 anos e um rapaz entre os 20 e os 30. Um dos homens dos casais falava alto e bom som sobre um colega, um tal Gonçalo. Em cada frase proferida, um e mais palavrões a rematar: todos os palavrões do cardápio ali foram servidos! As crianças, ouviam deliciadas o habitual léxico. Arrotos também vindos das profundezas tripais do outro macho ali foram expelidos. 15 minutos depois fiz valer a minha cidadania e o direito de estar num local público sem ouvir os alarves. Perguntei se não podiam parar com aquilo, era demais tanto palavrão... e a resposta foi que quatro pessoas se levantaram aos gritos, proferindo cada vez mais palavrões, insultando-me, oferecendo o corpo ao toureio. Olhei para os outros clientes, todos estrangeiros.O dono apareceu, acalmou as bestas já em riste para a pega. Só um dos homens não se mexeu nem proferiu palavra. Provavelmente envergonhado de tudo aquilo, a confirmar para si o direito de cada um, no espaço público, de não ser vítima destas obscenidades.
ASAE - Como acaba isto? Uma das mulheres mais varinal - não desfazendo nos belos pregões das ditas na Lisboa antiga - grita que o melhor era denunciar a esplanada à ASAE, se calhar nem havia ali livro de reclamações. O dito foi posto à disposição, a mostrar que sim, que havia, mas ela queria era assustar com o monstro, o papão do século XXI, que povoa o imaginário dos comerciantes, mesmo dos legais e cumpridores.
CONCLUSÃO 1- Serve agora a ASAE para isto? O que conseguiram foi levar energúmenos como estes casais que em cada frase a bordejavam com as mais reles asneiras à frente de todos e, principalmente dos próprios filhos, ainda crianças, a socorrer-se do monstro hoteleiro? Se assim é...
CONCLUSÃO 2 - Vão ser estas crianças, ouvintes de tal discurso à l'aise, os futuros alunos das escolas portuguesas. A sua caracterização está feita, nem é preciso muita imaginação. Serão estes futuros alunos que dirão exactamente os mesmos palavrões ouvidos pela infância fora, nas salas de aula, à frente dos professores e, mais grave ainda, não terão pejo algum em os mandar para certo sítio e chamar-lhes os mesmos nomes que ouviram e ouvem aos seus pais. Já todos sabíamos que os alunos trazem de casa o linguajar diário, mas visto assim, ao vivo, numa esplanada à beira-mar, num dia tórrido, não deixa margem para dúvidas.